Veja, me proponho a falar com a máxima clareza. Você há de convir que não é fácil. Somos uma raça de cãezinhos amestrados para a dissimulação e o jogo. Então, pense bem. Se seu negócio é dissimular, não escreva. O mundo já está tão saturado de mágicos bisonhos, sedutores malintencionados, cínicos sem adjetivos.
Se seu negócio é jogar, também não escreva. Palavras não são dados, ideias não são cartas de baralho.
E a razão por que não é fácil é simplesmente porque nada que valha a pena é fácil e tudo que não valha a pena é fácil.
Não, não estou pecando sob meus próprios mandamentos. A bem da verdade, não devia ter enunciado nenhum mandamento. Não sou Moisés.
Nesta transgressão em que me meti sem querer, tudo que posso alegar em minha defesa é que não posso passar um instante sem arremessar os dados.
Ou escolher uma carta. De preferência, a esmo.
Estou viciado na vida. Me viciei em mim.
E não vejo como prosseguir daqui em diante.
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