Já não dá mais tempo

Mario Quintana tem um problema. 
O problema de Mario Quintana não é a poesia dele.
O problema do Mario Quintana são os que dizem gostar da poesia dele.

Desejo de anononovo: lograr uma escrita sedutora que se automine incessantemente por saber que toda sedução é sacanagem.

O anononovo traz um nonovo sopro de vida.
Cuidado — não quero desmanchar meu penteado. 


No ano que vai nascer provavelmente continuarei sendo eu mesmo: não darei presente no Natal, não darei ovo de chocolate na Páscoa, não darei meia, cueca ou lenço em aniversários, não esperarei que me deem isso nem outras coisas.

Continuarei a ter bode de gente escandalosa, de gente que fala alto, de gente que fala demais, de gente repetitiva, de gente que faz as coisas de má vontade, de gente apática, de gente inexpressiva, de gente metida, de gente arrogante, de gente falsa, de gente que se faz de vítima, de gente que espera pena dos outros, de gente pra quem você conta alguma coisa e o fulano já fez e a fulana já conhece e de gente com mania de doença e de homem que só quer comer e de mulher que só pensar em dar e de gente que só conta vantagem e de gente que finge ser o que não é e de gente que não tem nada a dizer e de gente mal-resolvida e de gente que não sabe o que quer da vida e de gente cu-doce e de gente que não se manca quando você quer ficar sozinho nem saca quando você não tá a fim de conversar e de gente que fala e fala e fala e não age.

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