Perde-se um homem

fosse doente
o poeta escrevia uns versos fuleiros
de meia em meia hora
pra sentir indiferença

e fosse impaciente
ia o poeta até o boteco, tomava umas e
fazia uns versinhos descabidos
pra esperar indiferença

e fosse louco saía ele
pra rua e uns versos insensatos
berrava pra se enlouquecer
de indiferença

e fosse
idiota voltava e voltava
e voltava a balbuciar
uns versinhos sem saída
pra louvar a indiferença

e não fosse o que é
se conformava angustiado
que com verso ou inverso
nada faz nenhuma diferença


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