A casa caiu!
Me volto.
Um sujeito aponta um
revólver para o meu peito. Levo alguns segundos até discernir. É um ladrão.
A casa caiu!
Não sei se ergo os
braços. Se erguer, erguer até onde?
Vai enfiando a mão nos
meus bolsos. Fuça.
Não tenho nada.
Se disser que nunca
tive nada, acreditaria?
E se acrescentar que a
poesia não é esperança.
Mas a poesia é a única
esperança?
Para minha tristeza
ele dá meia-volta e se afasta apressado, sem me xingar, sem me dar a coronhada
na cabeça que vítimas sem nada como eu merecem.