e amo em ti os outros rostos

Sou WV.
Sou moreno, quer dizer, cabelos castanhos.
Sou alto, com altura média das alturas de John, Paul, George e Ringo.
A cor dos meus cabelos é a média dos cabelos deles.
Sei pedir desculpas em inglês. Na minha língua nativa, não.
Sou meio inseguro.
Nasci metade em Liverpool, onde me declararia “não muito confiante”, metade em Sampeia.
Tenho ótimo senso de equilíbrio. Certa vez o médico pediu que eu fechasse os olhos e abrisse os olhos e não caí.
Estou escrevendo para me corresponder com fãs dos Beatles.
Sei que existem milhões de fãs deles no mundo e espero fisgar pelo menos uma delas no fim.
(HOORAY!)
Se fisgar, vou tratar ela bem pra ver se ela vira minha namorada.
Nunca namorei. Portanto, nunca beijei.
Certa vez consegui dançar c’uma garota num bailinho família num prédio numa rua central na cidade onde morava. A garota sorria e me olhava lá debaixo da altura natural das garotas. Quando a música acabou e veio outra, chamei ela pra dançar de novo mas ela recusou. Acho que é porque não sabia dançar, digo, eu não sabia dançar. Acho também que é por isso que esqueci a música que dançamos.
Meu cabelo de cor castanho-liverpooldiano é relativamente comprido. Roça nos ombros. Os vizinhos e as pessoas do bairro riem quando passo. Deve ser por causa desta camisa havaiana que ganhei da minha tia no meu último aniversário. Cheia de cores. É cheia de cores.
Faço cara bonita quando me olho no espelho feito um clone criado a partir dos Fab Four por um cientista resolvido a aliviar a carga de sofrimento da humanidade.
Sou voluptuoso nos meus delírios eróticos. Fora deles me transformo num esqueleto esquecido no deserto dum filme de John Houston.
Queria ter um nariz moderado igual ao dos anglossaxões mas infelizmente sou de origem italiana e herdei este meu nazo avantajado.
Ninguém ama um narigudo.
Todos amam Paul McCartney.
Certa vez fiz uma canção em homenagem a eles e a canção ribomba no meu íntimo até hoje.
Sou sincero. O sujeito mais sincero que conheço. Embora não conheça muita gente.
Quero conhecer uma garota que use apenas saia ou vestido e esteja disposta a ter muitos e muitos filhos.
Muitos quanto?
Pelo menos oito.
Se você aí fora quiser me conhecer, verá que não é muito.
Com o tempo, estou certo, achará que é até pouco.
E enquanto cuidar da trempa, ficarei na sala da nossa casa cheia de portas tocando guitarra, baixo ou bateria. Ou os três, um de cada vez.
E quando o choro dum dos nossos rebentos sobressair ao som da minha música, você irá correndo ver o que se passa e então abrirá uma das inúmeras portas da nossa sala e me acalmará dizendo “bem, benzinho, foi só uma briguinha normal de criança”.