Disfarçar os
meus assombros
Recolher os meus
escombros
Sabotar a
melodia
Quando a noite
traga o dia
Ludibriar o meu
destino
Me amar sob meu
hino
Delatar minhas
mentiras
Costurar as
minhas tiras
Me vestir a
fantasia
Vem dançar
minhas orgias
Desfazer os meus
defeitos
Celebrar quando
me deito
Espantar meu
pesadelo
Demolir meu
castelo
Me encontrar no
labirinto
Atiçar a dor que
sinto
Desarmar as armadilhas
Habitar minha
ilha
Desenganar minha
loucura
Eternizar esta
tontura
Despentear o meu
cabelo
Vem zombar do
meu apelo
Me inebriar
neste delírio
Me cegar com teu
colírio
Pra que eu veja
o horizonte
e atravesse esta
ponte
E me vingue do
cansaço
E me torture nos
teus braços
E confesse os
teus segredos
Vem trancar
todas as portas
Me furtar do meu
senhor
Vem trair o teu
amor
Me frustrar do
meu castigo
Me vender ao
inimigo
Infectar minhas
feridas
Pôr veneno na
comida
Me curar com
doce fel
e queimar com lábios
ternos
todos os restos
da beleza
Calcular no
infinito
até onde ecoa o
grito
Confundir os
trocadilhos
Vem armar loucos
gatilhos
Disparar no
imenso alvo
Vem findar o
tempo eterno
Não ouvir o meu
chamado
Apagar o meu passado
Incendiar a
minha casa
Vem amar na
minha cama
Implorar mais
uma rima
Prolongar este
suplício
De cumprir o meu
ofício
de absolver as
culpas
Inspirar em
minha febre
meu último
desejo
ao meu amor
perdido
executa a
sentença
Pronuncia meu
destino
de cantar o
desatino
Quando a noite a
traga o dia
leva embora a
melodia
Quando a noite
rende o dia
quero entoar a
melodia
Quando a noite
fende o dia
vem punir a
melodia
Quando a noite
leva o dia
acabar a melodia
Um dia