Ainda não estou
morto e este mundo me pareceu aprazível.
Meu nome é
Wilson Vaccari e justo hoje me olhei no espelho e vi que estou com a cara dum
talibã de olhar afiado que parece nunca ter refletido sobre os dias que passam e
em breve espero retomar meu rosto autêntico e ficar aguardando que os que me
vejam acreditem em mim.
Meu pai se
chamava Sebastião Tezini Vaccari e, sendo duma escola dos tempos em que escolas
não existiam, não usava barba e acreditava piamente na força transformadora do
trabalho.
Minha mãe era
dona Judith Voltarel Vaccari, mulher diligente e corajosa que jamais deu
ouvidos a cochichos noturnos a preconizar cuidado com os moinhos de vento.
Sou, como podem
ver, barbudo. À primeira vista e ao primeiro contato posso soar arredio e antipático,
às vezes, dependendo, repugnado e às vistas e contatos seguintes continuo sendo
exatamente isso e não, não me passa pelo pensamento dizer que sinto ser o que
sou.
Meu papo é
escrever, não fazer relações públicas. (Tenho nojo de relações públicas e dos
que se prestam a fazer relações públicas e desde os meus dois aninhos tenho
plena convicção de que todos os males do mundo se origiam das relações públicas
e dos deslumbrados pelas aparências e superfícies que imaginam que viver se
limita a exercitar o joguinho das relações públicas.)
Tenho 59 anos e
moro em Sampeia, cidade-estado-lixão populada por parasitas aversos ao trabalho.
Ocasionalmente,
quando entro em transe escrevendo, atravesso 5, 2, 9 dias sem banho, sem escovar os dentes, sem dar
bom-dia ao porteiro ou à tia do porteiro ou ao vizinho que mora sei lá quantas
casas abaixo da casa do porteiro. Seria um hit na França se publicasse em française.
Aos que se
amarram em detalhes mais ardidos hoje sou monossexual mas já fui bi e posso vir
a ser de novo. Nunca experimentei zoofilia mas acho que nunca é tarde pra nada
nesta vida. Mantenho um pequeno e produtivo harém de ninfetas e vovós em minha prolífica
imaginação e estou e sempre estarei apaixonado pela mulher a quem num dia longérrimo
jurei amor eterno que no dia seguinte me deu um pé na bunda e levou todos os
móveis da nossa casinha ao pé do morro, inclusive lustres e torneiras.
Diariamente e
noturnamente fumo dois maços de Muratti e enxugo 3/4 de 1 litro de balla12, o
que, como podem deduzir, sai caro pra caralho. Tem dia sou obrigado a me virar
cuma garrafa de Bells. Como podem ver, botei um link "Como dar caixinha ao blogueiro" no blog mas ninguém leva
a sério, acham que estou fazendo gracinha. Não, gente, pedir esmola não é piada.
Sou um sujeito
complexo e idiossincrático, com escassíssimas virtudes e uma cambulhada de defeitos,
a saber:
Em primeiro
lugar escrevo. Em caso de conflito lógico entre esta e outras das minhas
características, escrever prevalecerá. Com todos os previsíveis quiproquós que
isso implica.
Sempre digo o
que penso. (Sou ideologicamente germânico.)
Não uso rs rsrs
rsrsrs kkk hehehe ou onamatopeias do tipo. Não uso reticências supérfluas
(sempre digo com todas as letras) ou pontos de exclamação (como o Graça, não me
espanto à toa).
Apesar dos
pesares, sou uma fada em pessoa.
Sim, me amarro
em rompantes e rasgações e lances dramáticos. Vivo carregando meu liquidificador
metanada de raiva, ódio, delírio, gozo, melancolia, alegria, desabafo. Quanto
mais fora de hora ou lugar, é lindo.
Quero deixar
claro desde já uma coisa: estejam à vontade para me espinafrar, xingar, apupar
ou simplesmente ignorar. Não tenho medo de manifestações de antagonismo,
hostilidade, agressividade, rancor ou congêneres. Se achar que uma postagem minha
tem fundamento (o que quase sempre é o caso, pois em geral levo às últimas
consequências minha mania de dizer o que penso) (tudo bem, a lógica não é meu
forte, eis outro meu defeito/virtude), calo o bico e na minha fico. Posso até
reconhecer publicamente que errei, não tenho frescuras como
"amor-próprio". Só não me façam cobranças quanto ao que Sinto. Me
reservo o direito de sentir o que sinto da forma como sinto. Não me perguntem,
por exemplo, "Que agressividade é essa?". Pelamordodiabo, jamais
queiram saber se acordei com o pé esquerdo. Não tenho o costume de dar satistações
por ser o que sou.
Não sou extrovertido
e não sei fazer amigos e tenho uma cacetada de outras características pessoais
que interessam apenas à minha Masami.