Ele para o carro em frente à casa dela. Por
uns segundos pondera se deve desligar o motor. É a decisão mais difícil dos últimos
tempos. Resolve deixar funcionando, por via das dúvidas.
— Só mais uma coisinha — ela exala o ar tirando
um peso do peito, quem sabe das costas e da vida. — Aquelas fotos que te dei. Quero
de volta.
— Te mando pelo correio. — Ele estufa o peito e reflete. — E já que é assim,
me devolve as duas bíblias que escrevi em teu louvor. Uma imagem vale mil palavras, certo?
Ela tenta calcular. Se atrapalha. Desiste.
— Faz as contas aí. Veja quantas fotinhos
tá me devendo. Não precisa ser na ponta do lápis. Pode ser sem pose. E pode
pagar em suaves prestações.
— E sabe quanto vale o último beijo que nunca
te darei? — ela sai do carro e bate a porta.
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