Acabo de retornar.
Acabo de retornar duma viagem.
(Ainda não conheço Gliese 667Cc, aquele exoplaneta
na constelação Escorpião a apenas 22 anos-luz de distância de nós. Provavelmente
jamais conhecerei Gliese 667Cc.)
Estou tão aliviado.
Tão imensamente aliviado.
Quando você puder largar tudo e dar um
basta definitivo em seus problemas, experimente também. Vai adorar.
Na ida da minha viagem, esqueci o que
sou.
Na volta, o que não sou.
Hoje em dia é o mínimo que se espera duma
excursão. Seja para fins turísticos ou outros.
Antes de partir pensei até em levar
aquele frango com farofa que mamãe preparava quando íamos ao clube de campo aos
domingos.
Posso sentir fome na viagem. Mamãe nunca
permitiria que passasse fome numa viagem – qualquer viagem que fosse.
Nada disso, me apressei a mudar de ideia.
Onde encontraria um frango com farofa daqueles? Ninguém neste mundo moderno
saberia fazer um frango com farofa daqueles.
E, principalmente, nada de nostalgia hoje. Chega. Quero mudar de hábitos. E de práticas. Estou farto de
ser nostálgico. Será que alguém poderia me explicar pra que raios serve a
nostalgia afinal? Nos traz algum resultado prático? Fortalece nossa crença no
destino? Afasta definitivamente de nossas cabeças a suspeita de que não temos
utilidade alguma neste mundo?
Sentávamos na relva num canto afastado do
imenso clube de campo na manhã de domingo após a missa, isto é, sentávamos depois
que mamãe estendia a toalha xadrezada sobre o capim alto. Papai coordenava a
logística, orientando eu e a mana a buscar no carro os badulaques do
piquenique. Tudo no lugar, a caçarola era o centro das atenções, sob controle
de mamãe. Ela apanhava o frango inteiro e ia destrinchando em partes e
distribuindo a cada um de nós. Eu sempre queria a coxa. A mana, não lembro o
que queria. Papai não fazia conta – tudo sempre estava bom para ele.
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