Instantâneo VII

Noite de quinta.
Quinta à noite.
A manhã desta quinta parece ter ocorrido há quinze anos.
Fiz tanta coisa hoje e não fiz nada.
Nada do que queria fazer.
Nada do que precisava fazer.
Preciso fazer tanta coisa.
Não preciso fazer nada.
Não quero fazer nada.
Só me resta pensar em minha biografia.
Desenvolver mais um mm minha pessoalidade.
Calibrar meu tom lírico.
Descansar.
Hoje depois do almoço me rebelei contra a herança da fé deixada por meus pais.
Agora à noitinha me rebelei contra a herança da fé deixada por meus pais.
Ontem me rebelei contra os inertes que se recusam a abandonar o morno conforto espírito-intelectual proporcionado pelo sacramentado.
E antes de ontem.
Há décadas venho tentando dar por vencida minha batalha contra crenças. Religiosas, psicológicas, culturais, marca de multi-inseticida.
Esse gostinho amargo de deslealdade para quem nos ensinou tanto com tanto sacrifício, não há o que dê jeito.
Trair requer peito.
Noite de sábado, zanzando no labirinto cibernético (que horrível esta palavra, que medonho este mundo, que infindável solidão revestida de links).



Nenhum comentário:

Postar um comentário