Um
mundo entre aspas
Quem
diria que você viveria nele?
Ninguém
diria
Que
importa o que alguém dissesse ou deixasse de dizer?
Eles
já disseram tudo, não disseram?
Disseram
sem aspas, não disseram com aspas
É
um mundo estranho, esse
Mais do que aquele lá fora
Um mundo intratável
Em que você estabelece "relacionamentos" com preâmbulos e aproximações e recuos que são
diferentes daqueles do nosso mundo “normal”
Um
mundo em que é absurdamente fácil fazer amigos, conhecer pessoas, conversar com
estranhos
Tudo
com aspas, obviamente
Ah,
as velhas de guerra aspas
Crescem
a cada minuto, engolfando nossas palavras cujos significados pretendem retocar,
deixando no lugar um impossível vácuo
Nesse
que é o mundo dos mal-entendidos, que levam a embaraços que levam a decepções
que resultam em franca hostilidade
Porque
o velho ritual que lá fora aplicamos quando fazemos amizades aqui carece de
preâmbulos e aproximações e recuos
Não
me surpreendo com este vasto mundinho entre aspas
Guardo
em minha natureza o rito sumário
Lá
fora só sei entrar de sola e não me espanto com os espantos que causo em melindrosas
personalidades
Aqui,
vou aprendendo que tenho ainda muito a aprender
Não
sou político, não tenho tato, não me preocupo com formalidades, protocolos ou diplomacias
Escrevo
esta declaração dentro deste meu permanente, deste meu eterno processo de auto-esclarecimento
e autocompreensão
Quando
me dou conta de que preciso compreender algo – sei que não preciso compreender muitas
coisas e muitas pessoas --, escrevo
É
o método mais rápido
Neste
infinito, admirável mundo entre aspas temos de ser absurdamente rápidos
E
esperrrrtos como nunca fomos antes
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