Acordo para a manhã violeta sem objetivo nem
função, Sô me chama, a aveia tá pronta, mulherzinha teimosa, cresci à base de
banana com aveia, caio duro se puser entre os lábios, levanto da cama, enfio os
pés nas havaianas, desço pra cozinha, bexiga estourando, Sô triturando algo na
pia, apanho a garrafa de smirnoff, vou abrir, Sô m’arranca das mãos, só um
golinho benzinho, juro por diabo, juro pelo deus, te dou um chero na bucetinha
perfumada de pétalas de hipocondrias silvestres, me leva na missa hoje à tarde?
Não brinca com religião! ela me fuzila, vou pra sala, aperto o botãozinho do
som, as tecladas definitivas do terceiro movimento do ao luar, como ficaria
essa merda no violino de Jascha Heifetz? minhas vias aéreas se armam prum soluço,
pai, qual o problema de chorarmos sempre que tivermos vontade? Diga, melhor, eu
te digo, era tudo que você queria, não era? Subumanos do mundo, monogâmicos
enclausurados nessa imensa solidão de casca de ovo, guris fantasiados de vikings,
escutem, não! não rastejamos paralelamente à trajetória dos cometas, não temei
a jornada final rumo às estrelas, sejamos mendigos das galáxias ou patriarcas do
arraial, será efêmera embora árdua nossa viagem de migrantes.
Sô conclui o trituramento, entrelaça elementos
longuíssimos, adapta e faz cavalgar enquanto sonda o brilho dos meus olhos, você
é meu presidente! Por que não se candidatou? Você é meu programa de governo! Te
enfiava no meu jatinho, te fazia um poema no teu panfleto, te encomendava uma
data fatídica na Rosa Jogadora de Búzios, te aceitava meu holandês jeca na
minha cama e nunca jamais haveria de chegar o dia da leitura da obra do meu literato
supersensível rachado entre o leitor da Sabesp e o imperador da lábia, sorri, esmigalha
meu ventrículo esquerdo, libera a sangria trânsfuga que eternamente retorna à praia
não simulada não improvisada onde fui incrédulo das falas da galáxia bananeira antes
de erguer os braços no teatro falido sem revirar minhas pupilas nem despregar
meu intestino em prevista hemorragia.
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