Meus quase quatro leitores não vão
acreditar mas acabo de descobrir mais um. Desse jeito serei obrigado a fechar
este blog (um dos raros legíveis abaixo do Equador). Será possível que não se
pode mais ter sossego na internet? Que é que vocês querem afinal? Já não lhes
disse tudo que queriam saber? Que é que fuça fuça fuçam tanto? Já não lhes
expliquei que por aqui não encontrarão poemetos embevecedores de trovadores
fofinhos como Mario Quintana e sua inquebrantável fé na vida e na “beleza
natural do universo” nem sacadas-cabeça de metafísicas encucadas como
Lispector, a campeã patrícia patricinha das teses de doutorado?
Começo a entender Daniel Galera e muitos
outros novos que há anos abandonaram o bloguismo para dobrar o espinhaço e apanhar
do asfalto o bastão que os autores da década de 90 deixaram cair algures nas
quebradas das favelas do Rio e São Paulo. Pesado é o bastão, digo, prum blog
perdido no meio de trilhões. Galera e os demais atletas das raias olímpicas ao
redor do Monte Parnaso exigem respeito, o que, como está patente, não se vai granjeando
assim num cantinho mais perdido na internet que grão de areia dentro da bota
dum justiceiro do Estado Islâmico.
Não posso deixar de dar razão aos galeras
do pedaço. Como sempre digo – sem dar muita bola se tenho ou não ouvintes – e raramente
tenho –, é legal você escrever e ser publicado em livro e depois botar o livro na
estante da sala de frente para quem entra. Dependendo, até costumo fazer uma
recomendação, i.e., procure não ser demasiado óbvio – o segredo de ser
bem-visto é não dar muito na vista.
É claro que os escritores profissionais com
“espaço” no mercado editorial dariam boas gargalhadas – hahaha – se me lessem –
afortunadamente não corro tal risco. FH na certa me tacharia de fracassomaníaco,
apodo, no meu caso, relativamente preciso. Os
americanos, então, esses would shake their heads – ts ts ts. Só um maluco clínico ousaria
dizer não ao sucesso naquela terra em que até os vagabundos entram pro circuito
de palestras universitário. Well, não sou, repito, maluco, clínico ou outro. Digamos
apenas que sempre opto por fazer minhas coisas do meu jeito. Falando em orkut
(alguém aí falou em orkut? não? acho que ouço coisas), passei meses
espinafrando um otário digital que atendia pelo nome de Atila (jesus) que
tentava me ridicularizar por eu não ser “publicado”. Por esse princípio eu
seria um subliterato e Paulo Coelho a quintessência literária da raça. Pfui!
parafraseando Rex Stout, interjeição que, blablablá, todo mundo e seu livreiro
atribuem a Paulo Francis. Galera hoje tem não um blog mas um website –
provavelmente escutou o conselho do Gil. Um website da ora. Você entra e dá de
cara co’a cara do autor numa grande foto em branco e preto de alto contraste. Me
impressionaria nos meus três aninhos. Imediatamente abaixo da foto a saudação,
simples, direta, olho-no-olho: “Oi. Meu
nome é Daniel Galera e este é meu site. Para sua conveniência (...)” Não
estranho que Galera se preocupe com minha conveniência. Me dá até vontade de retribuir
“Oi.” C’um pontinho igualmente
simples. Me dá até vontade de responder c’um email agradecendo por ele não ser
egoísta pensando na conveniência dele. Por um átimo fico imaginando se não é
esse defacto o papel dum escritor digno do nome, a saber, primeiro os outros,
tal qual o capitão suicida dum U2 alemão. Será que é aí que estou errando?
Pra encerrar o tema Galera, acho por bem
registrar que ano passado o Daniel faturou nada menos que duzentos mil reais como
vencedor do Prêmio São Paulo. Puta merda, e eu aqui co’s meus quatro ou nove
romances encostados no fundo do meu disco rígido enferrujado, devo retomar
minha análise de sete anos com o dr. G? Emails para a redação. (Ai que paúra
imaginar olhares estranhos devassando minhas belezinhas.)
Retomando, meu quinto leitor obrou isto a
meu respeito: Wilson Vaccari.
Recomendo aos meus outros quase quatro leitores, deem uma assuntada. Vão gostar,
quero crer. De minha parte não desgostei totalmente. Só faria uma ou outra
ressalva – sobretudo um tico mais de assertividade. Nota-se em alguns trechos
que José Geraldo (epa! não me diga que é aquele
José Geraldo!) hesitou em carcá o fumo. O máximo que ousou foi me comparar a um
ogro. Francamente, para chegar a ogro eu precisaria passar por pelo menos 84
cirurgias plásticas. It’s not gonna happen, though. Me sinto muito bem abominável
como sou.
Cansei. Talvez volte ao assunto – eu – amanhã
à mesma hora no mesmo endereço.
Não quero respeito nem despeito para dar
ou receber. Quero é escrever.
Jesus.
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