Longo tempo atrás pensei que era poeta
Naqueles dias era um poeta como então
pensava fossem os poetas
Sendo o poeta que pensava ser a escrever
versos como estes:
Me dá uma lágrima
Quero um sorriso
Um sorriso então me dá
Mas quero uma lágrima
Naqueles dias me dizendo poeta me achava
capaz de chorar c’ um olho e sorrir c’o outro
E se preciso fosse gargalhar aos prantos
Houve um tempo em que pensava existir no
mundo e nas coisas um limite
Um limite que parecia ao alcance das
minhas mãos
Um limite que parecia caber na
envergadura dos meus braços
Foi, acabei de descobrir neste instante,
o tempo em que tudo tinha um contrário e cada palavra tinha um antônimo e toda
pessoa que via passar na rua tinha um sósia do outro lado do planeta
E foi o tempo em que as aparências tinham
um avesso
E o normal podia ficar de cabeça pra
baixo
E todo certo correspondia a um errado
E o ódio podia facilmente ser combatido
com o amor
E tinha um antípoda
Que um dia haveria de encontrar
Provavelmente ao acaso
E então nos amalgaríamos em um único
Eu que não seria ele
Nem eu
E nesse dia minha verdade
Triunfaria sobre meu inverso
E enfim seria capaz de sorrir
Impune da fatalidade
Do castigo
Nenhum comentário:
Postar um comentário