Naufrágio no asfalto

Na orkut me divertia com gente que lotava seus perfis de lemões (lemas grandes), frasesonas grávidas de importância e solenidade hasteadas no alto da página qual panteão colossal quase a levar ao fundo do oceano a canoa furada que o carregava.
Lemões de vida me lembram quando vou comprar limão (lima grande) no Carrefour e levanto o saquinho e a mocinha (em quem dou uma cantadinha, se for lindinha) responde, precisa pesar não, moço.
E fico lembrando como era comigo esse papo de estabelecer lemões imperiais aos meus 20 aninhos e não lembro, lemas, leminhas e lemões são tão empobrecedores, né?
Quando vejo na rua um rostinho lembro que te amei.
Depois olho de novo e lembro que querias ser amada e não queria te amar.
E lembro que já fui assim durão comigo mesmo, com os outros.
Não tinha lemas mas tinha princípios. Monstruosos princípios com que tentava me proteger dos meus pontos fracos de Aquiles hodierno.
Quando vejo na rua um rostinho lembro quanto escrevi para e pelo teu.
Nada disso tem mais importância agora, já leste feministas demais.
E lembro que-
Lembro uma porrada de coisas que não vêm ao caso.
Nos perdemos.
Como é fácil perder pessoas, não é?
Perco várias a cada dia. Mesmo que nunca as tenha encontrado.
Ora por minha discrição, ora não sei por quê.
E em perdendo me apaixono.
Que horror.
Tanta energia desperdiçada (sob o lema sob o princípio de que se não cuidamos de nós, quem haverá de?)
É tanta coisa que se vai pra nunca mais voltar.
(Será verso do Roberto?)

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