Os punhos da camisa desbotados
Enquanto desço a avenida no encalço do garoto
ruivo
(Andrade não fazia versos compridos)
(Não era eu o moleque que gostava de seguir
estranhos na rua pela simples gana de se perder irrecuperavelmente)
Podia passar no céu um meteoro
Me dar a chance de recomeçar a vida
Pelo menos a partir dos catorze, quando morri
para renascer morto
O ruivo vira a esquina alheio à minha perseguição
E dobra um dos punhos desbotados e meu pêndulo reencarna
James Dickey
Um golpe de vento gelado
Vai me carregando para o passado
Enfio as mãos nos bolsos, luto, resisto valente
Nada de aprisionar mais esta manhã numa moldura
da infância
(Que reverberações são essas? O tempo não dura
mais que um segundo)
Fui premiado com o menos romântico dos corações
do mundo
A arritmia que me salva dos batalhões e sua
marcha unida
Meu dia não fulgura nem embolora
Não tenho país
Não tenho língua
Não sou daqui