Depende. (com ponto)

Não tenho a pretensão de avaliar Leopold, digo, Harold Bloom, muito menos seu cânone. (Quem quiser discordar de que Shakespeare fundou a literatura da era moderna e que foi o mais prolífico e poético de todos os criadores, please come forward.)
E tento nunca cair na cilada de discutir o papel da crítica. Minha cabeça não roda sob o princípio dos papeis. E também procuro desviar de pegadinhas. Não que receie bancar o palhaço. (Não funciono sob o sistema de terror ao ridículo implantado pelos seres de terno-e-gravata de autoconsciência tinindo hipersensível a gafes, carreiristas com o eterno currículo debaixo do braço dispostos a nunca perder uma oportunidade de “crescimento” e de subir na carreira. Faço o possível para ser o que sou e sentir o que sinto. Riem de mim? Ótimo.)
Também estou pronto a causar lágrimas. É tudo questão de me exercitar. Sentimentos não podem ficar amontoados no guarda-comida pegando bolor. E todo esse papo está mais surrado que lombo de sadomasoquista.
O maior, e mais difícil, exercício é o da liberdade.
Que é o maior está óbvio. Que é o mais difícil, e quase sempre obscurecido, é que você é livre para dizer o que lhe der na telha mas não para cuspir besteira (muito além do esperado). Existe algo mais batido que a palavra e ao mesmo tempo mais raro e indomável? E inovador, se usado com cuidado e parcimônia e ousadia e sopitável frescor?
Nada mais é, afinal, que um chega-pra-lá no golf club da crítica e qualquer panela que se forme onde quer que seja para “extrair” um consenso do que, por princípio, não pode ter modelos nem regras que chumbem o indivíduo sob uma tonelada de concreto pré-armado e, para ser bom, deve ser necessariamente não-conformista.
É um lusco-fusco elétrico em que só o momento tem razão.
Como diz o Rodrigo Garcia Lopes em Muito além da academídia: poesia brasileira hoje, trata-se “do problema da academídia e de outras instâncias de poder literário”.
Mas isso você já sabe. Receita, só se for do bolo de fubá com banana que mamãe me ensinou a ser louco por.