Quem sabe um dia uma civilização de alienígenas
espaciais depare com vestígios deste nosso malfadado planeta no espaço e, com
sua super-ultra-lupa nos devasse nossa alma que não tivemos a capacidade de
devassar em cem milhões de anos de vida terráquea. Malgrado os freuds e os
einsteins da Terra.
Os americanos, há uns trinta anos,
lançaram rumo ao zênite uma nave chamada Voyage que guardava, entre tantos
tesouros, pedaços de obras de Beethoven e Mozart e Johnny B. Goode de Chuck Berry. Que paupérrimo cartão de visitas
Tio Sam pretendeu emitir ao cosmos, não é mesmo? Quando botarem a Sétima em sua ultra-super-vitrola, os homenzinhos
verdes com zilhões de QI na certa vão se esbaldar de rir. Não da Sétima e sim da tosca tentativa dos seres
denominados homens em disseminar sua mentira humana por todo o fabuloso espaço
sideral.
Pois os verdinhos cabeçudos sacarão na
hora – o espécime Beethoven foi um acidente na existência da espécie. A prova? O
espécime Mozart. (O roquinho adjunto seria apenas uma piadinha interplanetária.)
Seus mil olhos se entreolharão admirados,
especulativos, refletindo a miríade de cálculos e considerações de seus supercérebros.
Que espécie é essa que se apresenta aos demais habitantes do universo ostentando
a exceção em vez da regra?
Nos devotamos incalculavelmente mais a mentir
que a contar. Para que teatro na praça da igreja se encenamos da aurora ao crepúsculo?
Um personagem que não é fictício?
Hoje à tarde estava relendo, relendo,
relendo, pois viver não sei, o que sei é reviver. Me ocorreu a dicotomia acidente/...
Qual é mesmo o antônimo de acidente? Uma equação, será? Uma polinomial
acidental.
"Doce
fantasma, por que me visitas
( ... )
Tua visita
ardente me consola?
Tua visita
ardente me desola.
( ... )