Apenas um momento histórico

Christ, que será mais melancólico que um rockeiro de setenta anos revivendo no palco as glórias da juventude? Não há um só que se toque que sumir do mapa seria muito mais lucrativo? podia até gerar uma tal de “lenda urbana”, novo sonho de consumo do açougue. Esses velhotes e suas vozinhas de taquara rachada e suas gordas papadas a roçar o microfone esgoelando hits que os consagraram há quarenta anos, seus netos podiam suplicar, vovô, larga o osso, deixa a vida correr o curso natural. Já não faturaram milhões em seus supostos anos dourados? Não sejam grotescos. Não sejam constrangedores. Tudo tem limite, até o absurdo mundo do rock misto de criança e heroína.
Christ, que exaustivo este mundo povoado de mitos em que todo mundo e seu filósofo se arvora a esclarecido e se acha no direito de deitar fraseado no ouvido alheio. O nível científico e o conhecimento adquirido até aqui e o cacete, era pra começarmos a cultivar um pé de feijão de esperança em nosso futuro mas vamos em aceleração inercial de mil por hora rumando ao desastre final.
Não, o desastre final não é a implosão do Sol ou a conflagração atômica ou a evaporação da derradeira gota d’água da última lagoa na face da Terra.
O desastre final se repete milhões de vezes a cada dia na morte brutal e patética dum pequeno negro esfaimado nas outrora exuberantes florestas africanas. Soa patético, estou ciente. Não devemos deplorar o que não tem solução.
Quer saber o que é a verdade humana?
A verdade humana é que um único sujeito tem o poder de amealhar cem bilhões de dólares em sua fortuna enquanto três bilhões de outros sujeitos murcham à morte sob a desnutrição.
Este nosso mundo tem meia-dúzia de sujeitos com cem bilhões de dólares em seus cofres. É patético, eu sei.