O bom marinheiro tem náuseas em terra
firme
É nascido no sacolejo das ondas
Busca na morte o horizonte eterno
O bom marinheiro não parte nem chega
Não tem por nome O bom portuário
Pode mesmo amaldiçoar os ventos
Sem nunca atentar à espuma
As ilhas lhe causam vertigem
Dorme quando avista praias
O bom marinheiro não é sonhador
E não foge de monstros marinhos
Nunca atravessou uma tempestade
Nem conhece calmaria
O bom marinheiro não sabe navegar
Nem receia o naufrágio
O bom marinheiro desconhece o mar
Existe só para o arquejo das vagas