Você escuta o terceiro movimento da Sonata ao luar, Opus 27, nº 2, e no
segundo acorde começa a tentar imaginar um mundo de dois ou três artistas a falar
ao resto da humanidade, com homens e mulheres simplesmente fechando os olhos
para aceitar (não enfim) e receber a arte.
Não haveria mais competitividade, não
haveria mais gente frívola sonhando em subverter a (agora sim, enfim) ordem
natural das coisas e do mundo.
Todos que não fossem os dois ou três
mestres artistas fechariam os olhos, baixariam a cabeça e usufruiriam a dádiva.
Sem rebeliões estéreis que ao cabo de mil anos terminassem numa guerra mundial
a exterminar metade dos homens e mulheres do planeta.
Era possível.
Por que não?
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