Memórias do cárcere químico IV

Deste lado aqui são dois. Dois do mesmo tamanho, da mesma cor, mesma textura.
Aqui na frente fica o Super Omni Esculachalário. O Super Omni Esculachalário é meio dado a espreitar. Me manja mais, imensamente muito mais, do que eu a ele. (Seria ela? Se sim, durmo c’uma sereia.)
Este não tem número, nem tamanho ou qualquer outro predicado. Se trata dum promíscuo, se trata dum promíscuo e tá na cara. Embora, claro, cara ela(e) não tenha.
E o do lado de lá, por ser absolutamente arredio, manhoso, fugaz e três ou sete qualificativos da escala onírica mais, o do lado de lá é o mais cobiçado e por isso mesmo inatingível... quase.
Os dois daqui se parecem xifópagos e adoram que os penteie. And I do. And I do. Não fazem barulho os monstrinhos. Sim, tenho medo de acordá-los, tenho essa ominosa desconfiança do que podem ser capazes, já que já meti a língua do Bardo no meio. Ficam virados para lá, longe do meu rosto.
Não sei. Me atraem, me subjugam, me amedrontam. Os-dois-daqui já me obrigaram a passar a noite me assistindo quadrilátero, deitado numa cama de açougue, tremendo e fremente, quase microcéfalo feito um bebê dilmático, da cor inodora da carne viva.
Ganharam a parada, lógico. O Super Omni Esculachalário, desse fui me afastando aos poucos, desistindo, até me dar conta de que era exatamente o que ele(a) pretendia.
Mas não era esse o estratagema do do-lado-de-lá?

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