Memórias do cárcere químico IX

Um convescote todo de velhotes vem descendo a pirambeira. Estão empoleirados na grande caixa de aço dum desses caminhões caçambeiros que infestam a cidade aos trancos e sobressaltos.
Um convescote móvel de velhinhos assanhados. Cada um deles visivelmente cego. Todos aparentemente surdos. Mas mudos, não. À medida que o grande caminhão carregado de entulho passa, os velhotes assobiam, emitem chistes obscenos e piscam piscadelas lascivas para os e as transeuntes. As mulheres, as chamam de putas. Os homens, os provocam de cornos.
O caminhão desaparece atrás da primeira esquina, deixando no ar apenas os nheque-nheques produzidos pelas consúteis mandíbulas dos velhinhos fantasmas.

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