Sim, preciso ser adulto.
Pensava que já fosse, nesta idade. Então fico
aqui matutando, será possível ser provecto e infantil ao mesmo tempo, dentro da
mesma cabeça, habitando o mesmo corpo?
Certa vez – ou melhor, muitas vezes – me mandaram
ser homem. E também fiquei em dúvida.
Nunca fui nem sou adulto e homem. Nem prático.
Nem tantas outras coisas que querem que eu seja.
Muito menos teórico. Embora – como poderia
esquecer? –, quando menino, tivesse umas teorias. Eram umas teorias meio
malucas. Até sinto os lábios se abrindo quase em espasmo – num triste riso
espasmódico de quem não foi infantil na infância nem é homem depois de grande.
Das minhas tantas teorias infantis,
restou uma.
Sim, tenho uma teoria.
Um dia vou te encontrar na rua, te
arrancar um beijo repentino.
Será um encontro inesperado como qualquer
encontro em que um homem acalenta uma teoria do beijo.
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