Gente que
se leva a sério demais é a mais chata que tem.
Era
intolerável a pomposidade, a frivolidade, a irresponsabilidade ade ade com que
os auto-intitulados doutos proclamavam as mais grossas asneiras com suas
bocarras entupidas de ade ade ade.
Zé Patusko
vivia fazendo preleção sobre Eliot mas sequer grafava direito o nome do cara.
Escrevia com dois eles. É erro comum entre os iletrados.
Arzírio subia
pelas paredes quando eu esculachava Umberto Eco porque nas escolas por aí
professores semiletrados acham que Eco faz literatura quando Eco não passa dum
erudito, também professor, que se limita a cagar seu conhecimento em forma de
livro.
Vampirinho
de Diadema tinha o desplante de anunciar PASME! a quem quisesse escutar que
Brahms era lixo! Cara, é o cúmulo da ingenuidade safada! E típico do
adolescente brasileiro que pensa que sabe mais que todo mundo. Esse não sabe
absolutanihil. E passava dia e noite por estas bandas soltando suas pseudices
pelo rabo.
Nunca
houve por aqui um só energúmeno minimamente honesto pra se dizer leigo e
disposto a aprender. Au contraire, eram todos mestres de merda, frustrados que
nutriam essa fantasia tão encontradiça em frustrados de querer parecer o que
não são.
Alex é um
sujeito legal mas sisudo além do razoável. O primeiro requisito para quem se
dispõe a trabalhar com as palavras é exercitar seu desconfiômetro
diuturnamente. É demasiado fácil cair no ridículo de se achar. Essa molecada toda
que vem aqui anunciar VEJAM ESCREVI ISSO ESCREVI AQUILO! cara, é doloroso. O
primeiro requisito para quem se dispõe a trabalhar com as palavras é exercitar
a HUMILDADE. Nada mais patético que semianalfabeto dando uma de nobel. Gente
que fica se autopropagandeando me deixa com a pulga dentro do sapato. Aí é que
NÃO LEIO. Eu me autopromovia mas meu caso é diferente, sou escritor, não um
dilentatezinho de inteira pataca metido a Graciliano. O primeiro requisito para
quem se dispõe a trabalhar com as palavras é a HONESTIDADE. Como é que você vai
encarar um sujeito que logo de cara se mostra sacana, se dizendo o que não é?
Que literatura um bocó desses pode lograr? Tenho trinta, quarenta livros
espalhados em minha mesa neste instante, fora os que estão na estante (o
primeiro requisito para quem se dispõe a trabalhar com as palavras é NÃO
COMETER RIMAS ACIDENTAIS), por que é que vou perder tempo cum neurótico mimado
que se acha Goethe por ter ajambrado um palavreado ado ado mambembe num página
da rede?
A internet
foi/é o golpe final na literatura. Qualquer zé-ninguém mete lá seu
alfarrabiozinho tosco e solta o gritinho de tarzã enchoruscado propolando a
obra-prima.
Carinhas
que se auto-anunciam poetas, esses então são ão ão bundão. Poeta não tem
diploma, porra. Não é título de nobreza. Larga a mão dessa pretensão caricata
de usar a poesia pra dar uma de gostoso. Poeta é quem faz poesia, não um
deslumbrado em busca doentia de prestígio.
Pouco
antes de puxar o carro cu rabo entre as perna(s), Zé Patusko disse que ainda
estava por aqui porque tinha publicado um livro que queria promover. É essa a
ideia que essa gente tem da literatura. Estão atrás é da bacanice de ver seus
nomezinhos estampados na capa dum livro. Aposto que ZP botaux sua brilhante
obra em destaque na estante da sala de modo a ser avistada por todos que
chegam. O incauto vem, senta, toma um cafezinho, ZP sem falar nada, só no
antegozo. Conforme a chalera ferve, ZP vai levando o tema pra literatura. Se o
visitante ainda não pesca, ZP vai esquentando o assunto pro lado da publicação.
Se mesmo aí o cumpadi ficar boiando, ZP parte pras gabeza e, como quem não quer
nada, comenta en passant, poizé, publiquei esse livrinho ano passado, coisinha
modesta, só pra consumo interno, sacumé...
O primeiro
requisito para quem se dispõe a trabalhar com as palavras é SEMANCOL.
E o
primeiro, CONSISTÊNCIA.
Amém ão
ade ando mé.
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