Quem poesia me dera no particípio

Sua casa era cinza
As plantas da sua casa não eram cinza pois em sua casa não havia plantas
Os muros da sua casa eram cinza
As janelas da sua casa eram cinza
O piso da entrada da sua casa era cinza
O portão da sua casa era cinza
E seu caminho, pois não havia mais de um,
portão adentro era cinza
E todos os móveis da sua casa eram cinza
E todos os objetos existentes dentro da sua casa eram cinza
E seu caminho, pois não havia nenhum,
portão afora era cinza
E todas as pedras de todas as ruas eram cinza
Seu carro era cinza
E tudo que havia em seu carro era cinza
O céu por sobre sua casa e seu carro era cinza
As nuvens no céu por sobre sua casa e seu carro eram cinza
Ah! Seu cachorro era cinza!
Menos seu gato pois seu gato não existia (ah, essa gente esquisita que não gosta de gatos)
As roupas do seu marido eram cinza
As roupas da sua mulher eram cinza
Seu passado era cinza
Tal como seu futuro e seu presente
naturalmente
Mais que tudo, seu dia era cinza
Sua noite era, ó deus, cinza
Seu amor era cinza
Seus sonhos eram cinza
E seus pesadelos eram cinza
Sua comida, sua bebida, seus cigarros, tudo era cinza
Seu cocô era cinza
Seu cuspe era cinza
Seu suor era cinza
Seu sangue era cinza

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