Quero mandar um abraço ao meu dileto
amigo David Foster Wallace, encontrado pela esposa na ponta duma corda no meio
da sala de estar (ou visita, não estou bem certo).
David, here’s to your magnificent Infinite Jest (que a Cia. das Letras
publicou por aqui há uns dois meses, jesus christ, se o original já é ilegível,
imagina a tradução pra este nosso amontoado destrambelhado de sílabas e
fonemas. O miserável do tradutor deve estar tomando soro até agora).
Infinite Jest tem
mil e cem páginas, das quais li quase cinco. Duvido que alguém no mundo tenha
encarado até o ponto final. Pra você ter uma ideia, as infinitas notas de
rodapé se estendem por dezenas de páginas, i.e., você tem de ficar voltando,
voltando, voltando até atirar a porra pela janela.
Não culpo meu caro David. Tem gente
para a qual literatura é fôdasse. É o teu caso. É o meu. Não nascemos pra Saul
Bellow mas também temos direito a cutucar esteticamente, ou tentar, o que nos
aperreia a alma. Tem gente que ainda acha que literatura é o que eles leem.
Nada disso. Literatura é o que nós escrevemos. Escrever é um gozar e o gozo é o
que vale a pena, ainda mais se infinito. Lamento não estar ao meu alcance.
Esssstou gozzzzzando, though.
Cheers.