Fôdasse.
Soo piegas.
Frequento assíduo meu curso autodidático de estraçalhamento de
pudores e pruridos bobos.
Talvez me diplome antes que a cicuta faça finalmente o efeito que
espero que as cicutas façam.
Tomar cicuta não é fácil. Não requer coragem nem covardia. Esses
seriam os requisitos dos que lavram bobos pruridos e pudores.
Tomar cicuta requer simplesmente nada. E tudo que requer nada é a
mais inalcancável das metas.
Venho tomando cicuta há algumas décadas. Tempo suficiente para
descobrir que a cicuta é a minha cura.
Se um dia você vier a São Caetano, enclave com o maior IDH do
País, citadela de novos-ricos deslumbrados pomposos em suas negras carruagens
espaciais a brincar de Loucos Responsáveis, paraíso dos Grünkranz de Bernhard
cercado de favelas por todos os lados, se um dia você vier a São Caetano, vou
te levar ao buteco do Lacerda, o mais sujo e simpático deste pedaço de céu no
inferno, onde passo dias e noites inebriado da suave aca de urina desprendida
do banheiro que se mistura à torrente de cachaça barata derramada no balcão e
nas mesas sob a mais angelical algaravia dos gritos e sussurros dos ubíquos
pinguços em perfeita união com os urros do BBB na imensa tevê pendurada no
teto, eis aí, bem ali na esquina, o estado de deleite perseguido há milênios
pela humanidade. E pensar que está tão pertinho.
Abandono de hoje em diante meu autoapodo de “zonzo multipolar”
para orgulhosamente me rebatizar “poliédrico anti-guru”.
Soo piegas mas fiquei emocionado.
Obrigado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário