Tempos atrás (quando? por que tem sempre de ser tão vago?) eu gostava de fantasiar que um dia (um dia, um dia, ô tique que não me larga) eu daria um jeito de retornar ao meu útero perdido.
Sim, no mais brochante dos realismos fantásticos. Será o realismo fantástico o limite dum sul-americano?
Na fantasia, eu deparava com esse útero (sorry, cacoete anglicista) e entrava, com alguma dificuldade (não posso explicar exatamente como; só digo que, sendo tão duro de sair, só poderia ser duro de entrar; e não era o de mamãe; mamãe está morta e não me atrevo a fantasiar para além do que sou capaz; mesmo ciente de ser este meu caminho suave).
Daí em diante, o previsível. Ao menos para mim. Perdi a razão perdendo o aconchego.
Hoje, ao acordar, me lembrei de como gostava dessa fantasia. E me lembrei de que gostava a ponto de não me importar muito em saber que provavelmente era a mesma fantasia partilhada por metade dos marmanjos choramingões do mundo.
Lembrei e uma bola peluda asquerosa se metendo dentro da minha garganta me deixou nauseado. Nos tempos das minhas fantasias minha cabeça consideraria isso uma experiência e então a creditaria na conta "Aprendizados" e a debitaria da conta "O sofrimento é didático". Como era gostoso o dom misericordioso de me iludir.
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