Obedeço

Depois de tudo (tudo que eu fiz), ela me deixa sem respostas, como se nada tivesse acontecido.
E, caridosa, ajunta: sou, sim, capaz, pois que posso muito, posso muito mais.
Te dei nomes, sobrenomes eu te dei -- o eco escuta, amor: minha dríade, minha ninfa, minha fada.
E uma lista de apodos imperfeitos -- não finge que desconheces os nomes com que te chamei.
Não é hoje mais meu dia?
Me concentro, não me lembro. Glacial noite de junho? Matinal dor de dezembro?
Estarrecido vejo (ora, direis, te estarreces por ninharias), superada nossa fase exploratória.
Ecos inda escuto. Mas ecos já não há.
Se até ontem vinham em esperança, eis que voltam como história.
Tantas rimas ficaram abertas (ai, nada casa com a esperança de que ela entenda este meu canto?),
se desejo, ela se enfeza; se sussurro, ela se cansa.
Devo então ser realista, a fria ordem recebo e aceito: desperta deste teu sonho.
A ilusão é das crianças. Mesmo que não queiras, o mundo em volta é risonho.
Mesmo acompanhado, teu mundo é sempre tão medonho.

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