Para quem já sonhou em encontrar uma mensagem dentro duma garrafa à beira do mar

Quer dizer que você anda pelas praias à procura duma mensagem numa garrafa?

Então, provavelmente, também toma táxis esperando topar com uma valise estufada de grana no banco traseiro.

Ou talvez, sendo mais modesto, apenas siga pelas ruas olhando o chão na esperança de deparar com uma moeda de um real.

Ou quem sabe você é um ser estritamente digital e viva a vasculhar a rede atrás de algo que lhe seja de alguma serventia. Ou um perdido digital que também esteja em busca de outro perdido.

Ontem ou antes de ontem li em alguma página da internet o seguinte: "Eu amo o Gilberto!"

Era uma página toda em branco contendo apenas "Eu amo o Gilberto!" em letras não tão grandes. Não estava nem em negrito ou itálico. A única ênfase era o ponto de exclamação, que naquele momento considerei de eficácia duvidosa para que a mensagem alcançasse o destinatário. Era quase como se a ou o remetente enfiasse um bilhete numa garrafa e grifasse "Urgente!" no rótulo e a atirasse, a garrafa, nas ondas do Pacífico.

Quase como se a ou o remetente estivesse de antemão certo de que jamais lograria chamar a atenção do Gilberto.

Em qualquer um dos casos, é uma pena.

De minha parte, não ando nem nunca andei por praias à procura duma mensagem numa garrafa ou lata de sardinha.

Primeiro porque sei que tal noção de destino é absolutamente pueril. Gente que usa esse método para se comunicar só existiu em certos romances ultrarromânticos do século 19.

Segundo porque, se por acaso topasse com uma garrafa dessas, eu de certo me jogaria nas ondas do Pacífico tentando encontrar tão esperançoso ou esperançosa remetente.

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