Medo

Vou deixar um pedaço de papel escrito "medo". Nada mais.

Minha intenção não é intrigar ninguém. Sequer intenção tenho. Bem, ter, até que tenho. Mas é uma intenção contra a minha vontade e esta, vontade, também acho que tenho. E, tampouco, queria ter.

Então deve ser isso. Estou dividido entre uma intenção de fato e uma vontade que não estou certo se sinto.

A intenção, mais lógica, seria mais fácil de determinar. Essa intenção que persigo a que me referi vem se desenvolvendo há anos na minha cabeça. Faz tanto tempo, que, obviamente, nem mesmo me lembro de onde a dita surgiu. Só lembro que nasceu, se é que posso dizer assim, foi crescendo e tomou volume aqui dentro de mim. E, como tal, é um ente meio estranho. Às vezes parece ter vida própria. Sendo uma intenção simples e autônoma, acho que não é seu papel levar em conta meu bem-estar. Ou minhas conveniências. Ou interesses. Parece não estar preocupada com o que poderia me acontecer se eu resolvesse atendê-la.

Pelo que pude sondar até hoje, me parece perigosamente egoísta.

Quanto à minha vontade, não tenho vontade de falar dela.

Mas vou falar do que vão dizer depois.

Vão dizer que eu estava bem. Que até dei umas risadas. Não expressei nenhum desconforto, dissabor, mágoa ou tristeza.

Que parecia até feliz.

Um comentário:

  1. "talvez a tarde fosse azul,
    não houvesse tantos desejos."

    o que nos mete medo são os nossos valores.

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