Blues paulistano


Comandante

Antes que eu baixe a cabeça
Fita meus olhos vazios
São, julgo, cabal e suficiente prova
De que enfim posso pedir:

Me liberta da âncora
Me liberta das amarras
Me liberta dos ventos
Me liberta, Comandante, destes vagalhões

Comandante, meu Comandante
Assino de bom-grado a confissão
Sim, ousei viver a fábula do fósforo
Que incendeia a própria cabeça
Para avivar a efêmera chama
Que talvez inflame o pavio da vela

Por isso, rogo mais uma vez:
Me liberta, Comandante
Me liberta, Comandante
Me liberta, Comandante
Me liberta, Comandante

Comandante, meu judicioso Comandante
A escuridão vem chegando
E, como sabes, como sabes
No fundo do teu coração
Da noite não posso cair prisioneiro

Por isso, ouso apelar a tua generosidade
Agora que a chama da vela bruxuleia
Prestes a sumir
Me liberta, Comandante
Me liberta do meu porto

Um comentário: