Departure?

Papai parado entre o amor e a dor.
Se alguém tentou, ninguém pôde conhecer.
O que pedia para ser visto.

Papai repudiado à solidão pela espera longa da compreensão.
Se alguém quis, ninguém conseguiu.
Saber era sofrer?

A multidão disposta ao adeus na morte
Sendo eu o único a viver tua vida, seguir teu recuo.
Papai esquecido no escuro das noites desesperadas pelo coração que seguiu em frente.
Guardei para ti uma lembrança.
Tenho para ti uma palavra que ainda ecoa nas paredes da tua casa e apazigua a perda daqueles que amaste.
E aqui me ofereço a ti e me quedo ao lado dos que te amaram.
E aos que te amaram ergo um brinde pela morte deles.

Durante o dia, limpo os vestígios do teu padecimento.
Durante a noite, aqueles do meu passado.
E quando enfim adormeço, enterro, sob a vista dos que anseiam pela vida, teus parcos pertences.

Papai completamente deitado sob a pedra inscrita com dizeres
Teu corpo a absorver a alegria do mundo em torno.
Foste absurdamente vivo.
Eis agora o que emana de mim se libertando por mim para dar à luz minha morte.

Pois o que, papai evocado, floresce da pedra no dia seguinte?

Nenhum comentário:

Postar um comentário