Non troppo presto
Qual uma pistola esperando na gaveta do criado-mudo, uma bala na agulha, uma apenas, azeitada, descansando paciente e deitada enquanto não executa a função solitária que foi fabricada para executar, gaveta sem chave, dentro mais nada, nem os remédios de dor de cabeça, nenhum antidepressivo nem a esferográfica azul nem o bloquinho de papel onde costumo anotar umas bobagens. Nada. Nada.
Sobre o criado-mudo a toalhinha de crochê que, acho, foi feita por minha mãe, minha tia, minha avó, ou terá sido meu pai?
Qual a melodia escura que brota bruta, muda, inesgotável e constante por dentro e
Escute! Escute!
Para dentro
Igualmente aguardando
Quando quero, quando preciso
Escuto o chamado do lobo da estepe e não me dou o trabalho de responder. Minha melodia muda é satisfação suficiente, o pobre... O pobre maldito sabe
Sou um ladrão solitário
Ladrão inútil
Ladrão supérfluo pronto para roubar, sem nada para roubar
A única testemunha possível do meu crime será meu lobo, meu pobre lobo enlouquecido cujo uivo mudo é o murmúrio de fundo da minha missão
Minha missão não é outra senão silenciá-lo.
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