Sim.
Houve um tempo em que apontava minha mão
E a mulher que estava ao meu lado
Perguntava como sabia que ela viera de lá.
Foi o tempo em que existia em mim a percepção da
Dor absoluta
E o conhecimento de que a noite enfim
Chegara
Uma algema espremia meu corpo,
Espirrando meus sentimentos para fora de mim
Para acobertar a ruína à minha volta
Então a mulher que estava ao meu lado
Deitava-se, observando as ações que eu
Executava com a naturalidade dum homem,
E, sem condescendência, anunciava que
Éramos um para o outro a única vitória
Que jamais lograríamos realizar.
Sim.
Foi um tempo em que tecia súplicas para
Não ser abatido e que fosse poupado
Da absorção pela latejante noite
Foi um tempo em que sorria silenciosamente
Dos meus braços lassos estendidos ao lado
Do meu tórax e ainda assim não me
Reconhecia semelhante a quem quer que
Fosse
Sequer esperando que quando a noite enfim
Cessasse não seria agraciado com a ressurreição
Ante os pecados cometidos no dia daqueles
Tempos
Houve, sim, um tempo em que ao meu lado
Havia uma tão extraordinária mulher, que
Me aterrorizavam as pessoas, mesmo que
Parececem ter despertado de seu descanso
Eterno e descido do céu
Foi o tempo em que guerreiro me designei
Encastelado no quartel-general do meu
Quarto.
Hoje sou meu prisioneiro.
E, sob branda, nauseante tortura, me faço
A mesma confissão dia após dia
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