1 - Vendo minha cadela Xuca descer a escada feliz com o naco de frango com que a brindei, lembro que nunca acreditei que os seres humanos podem ser comprados por tamanha ninharia. Humanos são eleitos, pensava. Só se vendem por causas "nobres".
2 - A calçada em frente ao bar é varrida por uma ventania. Queria estar lá. A perdi para sempre. Como aquela vez aquele trem.
3 - Estou entrando em manutenção poética. Preciso reparar meu coração.
4 - É sempre bom lembrar que um copo de uísque vazio dá uma baita ansiedade.
5 - Tem um pessoal por aí que faz poesia que devia ser menos condescendente consigo mesmo. Passarinho é bonitinho e mavioso mas pode fazer cocô na alma.
6 - Poeta que se diz poeta não tem direito de não tomar conhecimento da nojeira à nossa volta, fingindo estar num éden forrado de flores, dores e amores. Fazer poesia inclui, entre outros misteres, enfiar a mão na merda.
7 - Estou numa fase em que mereço um troféu por chegar ao fim de cada dia.
8 - Se você é capaz de perdoar um pai que abandona um filho ou um filho que mata o próprio pai, então pode de fato dizer que foi agraciado com a dádiva da capacidade do perdão.
9 - O Twitter é a quintessência do frívolo, do rasteiro, do raso, do ligeiro, do anódino. Não que o limite de 140 caracteres faça grande diferença para quem não estava habituado a escrever sequer 15. Mas é óbvio que os twitteiros estão incorporando esse "poder de síntese" como limite ao próprio pensamento. Que me perdoem os novos sintéticos, mas o verdadeiro pensamento requer bem maior elaboração. As novas gerações provavelmente serão incapazes de ler mais que 140 caracteres duma só vez.
10 - Sentado ao lado de duas matracas no consultório médico, não tive alternativa senão fechar os olhos.
Cara... Acabara de me dar um tapa, um tapa que eu adoro. Não que tenha sido uma grande "descoberta" o que acabara de escrever, mas sobretudo, tu sintetizou uma espécie de novo ideal. Amigo, Deus que me mate se estiver errado, mas tenho certeza... Você é um contemporâneo! Um puta filósofo simplista. Tu é um poeta que começa a sopa, não pelas bordas, mas pelo meio, o lado mais fervente. Continue, não pare, vamos! A vida é urgente!
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