Um dia desses
Um dia desses ela voou como se fosse
Um dia desses ela voou como se fosse normal e passou
Um dia desses ela voou como se fosse normal e passou defronte a minha janela
Enquanto voava defronte a minha janela como se fosse normal, parou feito um anjo
E, feito um anjo, falou de seu amor
E lá estava eu
Lá estava eu do lado de lá
Lá estava eu do lado de cá
Lá estava eu do lado de cá da janela
E respondi: um dia, um dia desses, todos descobrirão que pelos cômodos desta casa caminhou o amor
Escuta
Quero me lembrar das coisas que foram feitas há algum tempo quando ainda não alçavas voo
Quero me lembrar de quando voltávamos para casa com saudade da simplicidade dos nossos sonhos
E, distraídos, roçávamos aquelas paredes sem cogitar se havia nelas algo especial
Quando criança, à espera de dormir, olhava os cantos do teto. Nunca tinha estado ali, nunca os tinha tocado, nunca os tinha pisado. Me inundava a descoberta de que havia lugares na minha casa em que eu nunca estivera. Um dia arranjaria uma escada e iria até lá. (Fico com a ilusão de sempre ter cogitado algo especial nas minhas paredes).
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