Escrever

Tem coisas que escrevi que penso, pronto, posso enfim descansar, era isto que eu queria dizer, fim de papo.

Tem coisas que me dão efêmera sensação de saciedade, me vejo apto, com direito adquirido, a pleitear minha aposentadoria metafísica, da qual nasci depositário.

Tem outras, a, essas outras, que me dão vontade de morrer, provas documentais da minha vocação malsã para a vagabundice brasílica, vermezinho abortado entre o trópico de capricórnio e o equador.

Não mereço porra nenhuma nesta vida. Mereço, sim, mereço as humilhações que tive de engolir, os queixumes exalados das profundezas primitivas dum bêbado em fim de noite no balcão dum botequim imundo numa quebrada do cais, tão perto do porto, tão perdido no inferno, ao apenas poeticamente alcance da solução que nasceu e vingou dentro de mim.

Tem coisas que escrevi que não devia ter escrito ─ apenas emudecido.

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