Gimme a break

A mulher que amo gosta da liberdade de chupar um pinto. Chupar com gosto e vontade e carinho e devoção, chupar como só as raras fêmeas que dedicam a vida a chupar pintos com fervor sabem chupar.
Não pense que essa superchupadora chupe igual às outras. Não. Tem seu jeito próprio de chupar. É autêntica em cada um dos movimentos dos lábios e dos dentes e da boca e dos dedos e das mãos. Nunca repete a mesma abordagem. Dependendo do ânimo com que aborda o pinto, pode investir desatinada, disposta a levar o membro ao gozo quase instantâneo. Ou começa com apalpadelas, quando o objeto de suas carícias está ainda inerte dentro das calças, e vai chuchando enquanto desce o zíper com ritualística solenidade, até o extraordinário momento em que expõe ao mundo exterior o falo já intumescido de sanha fertilizante, e então ela o empunha com mão acolhedora que parece ter nascido para empunhar pintos e levando-o à ereção plena com três ou quatro precisas, secas, metódicas pistoladas.
E então ela chupa. E chupa. E chupa. E, se quiser, chupa sem provocar um estalo mais áspero produzido pelo ar fugindo por entre as fissuras de seus lábios cuja forma é própria para sugar o sêmen. E, se não quiser, perpetra uma chupação barulhenta como se embocasse um imenso canudinho para tomar o licor vital numa só aspirada. Às vezes, chupa com a humildade duma operária. Outras, com a disciplina duma aluna ciente de seu papel de aprendiz mas que, paradoxalmente, nada mais tem a aprender. Outras ainda, com a adoração religiosa que só uma devota pagã poderia nutrir ao abocanhar o totem de sua quase mística idolatria. E então chupa o pinto como se não lhe coubesse outra função possível em sua existência de encantadora de órgãos masculinos, chupa como se existisse para o único propósito de chupar, chupar, chupar e chupar um pinto. E então chupa e chupa e chupa qual a Magistral Chupadora em pessoa.
E tampouco pense que uma chupada se iguala a outras. Não. Definitivamente não. Cada uma é única. Tem personalidade própria, características exclusivas. Parece ter algo inalienável, algo inato como um poema de Rilke. Em cada uma de suas chupadas ela se investe da grandiosidade duma atriz que interpreta dia após dia o mesmo papel e, ao interpretar dia após dia o mesmo papel, interpreta-o como se nunca o tivesse interpretado antes, como se jamais tornará a interpretá-lo algum outro dia.
Quando ela chupa um pinto seu rosto adquire uma nobreza aristocrática. E quando ela chupa tem o rosto sereno e belo como devem ser os rostos de anjos tão obscenamente divinos, tão obscenamente sublimes, que, quando morrem, morrem sublime e divinamente felizes.
E quando chupa eleva o proprietário do pinto a um estado de arrebamento tal, que, fosse ele dado a estados de arrebamento, se encheria de enlevo -- esse enlevo que os poetas pensam ser seu estado natural --, e seria capaz de ejacular poesia.

Um comentário:

  1. Quem chupa bem, merece todas as homenagens. Dou maior valor em quem faz isso com maestria.

    Quem faz isso tao bem, não merece um pinto apenas, merece a todos que encontrar e prender na sua "linda gaiola", de língua macia e maestra.

    Abraços.

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