Vejo o fim a olho nu


(Parágrafo único)
Senti uma ventania estranha hoje.

E à tarde saí pra zanzar um pouco pelas ruas, de repente soprou essa estranha lufada de vento.

Okay, já vi lufadas como essa antes e sei que são meros fenômenos meteorológicos.

(Se bem que fenômenos sejam sempre fenômenos e não devemos menosprezá-los.)

Então como que senti que o vento me tirava do meu rumo (se é que tenho um), me voltando sempre para uma direção. Tentei resistir por uns segundos, até me dar conta de que não tinha escolha senão renunciar ao meu livre-arbítrio.

(Adeus, conectivos, por ora)
Deixei que a ventania me guiasse como se eu não mais comandasse meus passos.

(Serei firme até o fim)
Assim como se uma luz repentinamente brilhasse para me iluminar, vi, claramente como a luz duma estrela, qual era o destino da minha ventania.

Você já andou de trem, ouviu a buzina dum navio partindo, ensurdeceu sob as turbinas dum jato?

A paixão pelo desconhecido, que risco poderá me trazer?
Sou e sempre serei meu próprio desconhecido. 
Posso continuar me desconhecendo e tampouco saberia o que causo em mim.
Se tudo que posso é me imaginar num baile de máscaras, alheio à mútua identidade, indiferente à minha mútua verdade.

Você, desconhecido, tem seu mundo. Eu, em seu mundo, não tenho o meu.
Veja, sempre sairei perdendo.
Não basta como consolo?

Um comentário:

  1. Olá, caríssimo!

    Interessante os dizeres do teu poema, uma certa, digamos, identificação se nos assemelha! Estava eu a pensar hoje à tarde de como sou desconhecida para mim mesma e como esse mundo não faz parte de mim, não sei se estou perdendo ou perdida, se é que há ou faz alguma diferença, rs. Bjs!
    Mônica Sioux (Lethos)

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