À tarde

Defronte esta casa era uma rua que tomavas em noites frias sem luar 
Da janela eu olhava tua figura se afastando até no escuro desmanchar
E enquanto em outras ruas te perdias, me perdias nesta rua a te buscar
 
Por sobre esta casa iam tantas nuvens lentas a se transformar
Em amores, seios, pernas, caras, risos, luzes, túneis, horas, ventos, vozes mudas a entoar
canções que refletiam os meus sonhos nos teus olhos sempre a me fitar


Hoje escuto teu silêncio, a voz tão doce [muda neutra triste] a sussurrar
“Vem e ama minha ausência, e toca meus lábios num beijo no ar”


Dentro desta casa era um rio que me levava louco a navegar
por quartos, salas, tetos, dores longas, dias curtos, noites claras a esperar
o sono que eu dormia me roubavas tuas carícias a me torturar


Hoje escuto teu silêncio, a voz tão muda a murmurar
“Vem e ama minha ausência, e toca meus lábios num beijo no ar”


Hoje escuto teu silêncio, a voz tão triste a sussurrar
“Vem e ama minha ausência, e toca meus lábios num beijo no ar”



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