O anão gigante e o gigante anão


Sou o primeiro a chegar à cidade
Antes de mais nada, olho ao longe
Vejo que nas proximidades
Há um deserto
Que à noite é iluminado pelo luar
De dia, aquecido pelo sol
Corta-o o leito dum rio seco
Que em vez de a cidade banhar
Traz submersos um gigante
E um anão

Procuro onde repousar da viagem
Avisto um banco da praça
Me sento
Ao meu lado direito instala-se um
Gigante
Ao esquerdo, um anão
O gigante é mudo
O anão, maldizente
O gigante, feliz
O anão, prudente
O gigante, irriquieto
O anão, transigente
O gigante, confuso
O anão, conivente
O gigante é anão
O anão, gigante

Os anos passam
O gigante encolhe
O anão resplandece
Até que um dia
Percebo que estão
Ambos do mesmo tamanho
Olho para mim entre os dois
Vejo nada mais que pouco
Já não tenho medida
Sou apenas sobra

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