Roteiro em dezembro


Então sóbrio saía rumo a tua casa, 

fecundando fantasmas na noite inda rasa

Entre luscos malucos, fuscos familiares
nas ruas sem casas, somente de bares
pinguços nas mesas das minhas bodegas
voando no escuro onde o sonho navega
me acordando na mesa doce algaravia
de vozes melífluas, a minha alquimia

braço pousado no balcão eu sorria

Haurindo com pressa de folia e luz.

E uma delas em nobre dialeto me dizia:
vem! É hora do ameno apogeu
Bebe este vinho, já anoiteceu
sorve a quem te ama e espera
um trago ao amor e à primavera.

Encho, não nego, até a borda da taça
com a senha do céu, a santa cachaça
que põe em meu mundo um tico de graça.

E pião embalado em mil corrupios
curvas, cristais, caracóis e assobios
colhendo o néctar de gole em gole
Ao lado um ébrio trombeta e mole
brindando em tom grave nossa liturgia
enquanto em silêncio eu te antevia
pedindo “Não dorme! Me espera!" 
Que preciso beijar essa tua boca!

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