Tua mão em minhas costas

Um devaneio
Miríade de sinônimos
Galpão de beneficiamento de arroz
Bifurcação

Bifurcação 

Bifurcação
Me esqueço de onde estou
Não quero o dever de me lembrar de que dia é hoje
Ou aonde vai este ônibus
Flutuo

Flutuo
Flutuo
Faiscantes ondulações
Cada centelha uma
Lembrança 
Branca 
Mansa
Manca

Basta de me condenar

No escuro do túnel vazo meus olhos
No inverno da vida no Sul
Regulo o volume, amassando papéis
Dobrando curvas, lambendo açúcar 
Aspirando à terra, minando a dor
Amuado
Refletem-se brilhos enquanto em
Furos, buracos, cavidades, depressões entro
No elevador, subo alisando a roupa
Cerrando os punhos, inchando de calor

Embora só use algodão, não sou complexo

Totalizam-se as contas enquanto beijo bochechas
E esgrimo com fantasmas
Surrando mortos, abominando mães 
Celebrando chuvas, deitando bases
Cavam-se covas enquanto aceito a teoria das paralelas
Fecham-se portas enquanto me agacho, por qualquer coisa que seja, meu deus
Como se fosse minha prerrogativa natural

Almejando à grandeza, acalento a possibilidade de viver uma existência secreta
E me comunico com outros, estejam mortos ou não
Rolo para cima, atento ao tilintar das xícaras e das moedas
Tendo como favas contadas que um dia minhas mãos ficarão trêmulas
Enquanto se conectam tomadas
Me precavo do que viola (ou deixa de violar?) a lei da gravidade
Movendo os lábios, tossindo, despertando depois de sonhar
Atravesso a rua me intrigando com o princípio "mulheres&crianças" 
Deixo a água ferver até borbulhar renunciando a ser dono de mim mesmo
Contemplando o céu, me certifico se ainda sou jovem 
Fujo de infecções, cismando com a verdade da "teoria do tipo"
(reconheço que estava errado! ela é meu tipo! Sempre
foi! Olhos castanhos claros, boca carnuda, discreta
Equilibrada, delicada, sensível, não tolera palavrões
Controla o próprio peso, resguarda a própria intimidade
Não é muito de abraçar, nunca poria silicone. 

Sim, ela é meu tipo!)

Arre! (Peço perdão a mim mesmo, pois
sou o único censor possível que vejo
no meu horizonte. Graciliano, ó senhor, é tudo
que posso evocar.)


Arre retórico bezerro!
Me deixa esquecer quem sou!
Mesmo mortalmente desgarrado
Encerra teu berreiro
Engana teus dilemas
Inventa teu caminho

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