Um sujeito equilibrado

Sendo um sujeito simetricamente equilibrado
Tenho metade duma parte meio inteira
E outra que não é minha
Uma terceira quase sempre cheia
Uma quarta vazia de quem quero bem

Meia metade é fácil, é dócil
Mais inteira quanto mais me encolho

Esses pedaços vivo a juntar
No dia em que estou todo em meu quarto
Na noite, qual esta, me deixo parte na sala
Metade a incendiar, meio empunhando um balde
Metade queimaduras
Metade a me perguntar

Por isso me vejo capaz de enfatiz
ar:

Fui proeminentemente uno e misto fui
Meu pai, ex-combatente da segunda grande guerra
Não tinha inteiramente revelações espetaculares a me fazer
Nem me lembro totalmente das suculentas guloseimas que minha mãe jamais preparou para mim na infância

Arrumei amigos estrangeiros, inimigos conterrâneos
Meio argentinos, norte-americanos inteiros
Minha forma era minha pele
Herdei explosões dos astros cujos farelos caíram nos oceanos do meu planeta
Me tornando indeciso ante todas minhas decisões vitais

Sou parte agora, parte em um segundo
Não espero que me chamem Walter ou Narciso
Nem nunca ansiei, parcialmente que fosse, a uma viagem para Varsóvia
Pois se num meio-dia fosse
Voltaria metade
E nada continuaria

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