O mar pode ser
vasto
Por dias erra o navegante
semana após semana errante
Por meses errante a
navegar
Avistando nada
mais que a linha do horizonte
Sob o céu que é
seu
Entre nuvens
translúcidas
Aves sempre vão
Retornando aves
sempre
O mar pode
seduzir
A inconstante
nau
sem bússola
avança sob ventos do mistério
O navegante
exímio não busca destino óbvio
Tem por missão
desvendar
o segredo que
imagina existir
só para si
sob a
superficial, metálica
Pele a cobrir
as entranhas do mar
O mar pode se
revoltar
O bom navegante
almeja à tempestade
Se afinal
zarpou,
Zarpou para
fugir à calmaria
Delirando com
prováveis monstros
De que tanto
ouviu dizer
Possíveis
vagalhões a arrebentar inclementes contra o costado
A impossível
sereia que, por impossível,
Flutua a
procurar
Zarpando a incerto
destino
Rumo a rumo nenhum
nem rota
Desfez-se da âncora
Que não lhe fazia
falta
O mar pode ser
vasto
O mar
seguramente pode ser profundo
(Afinal, é o
que se espera do mar,
embora do
navegante nada possa se esperar.)
O que o seduz
não é o mar
e sim as
profundezas
em que sonha
mergulhar
Até descobrir,
sendo errante sem
rota nem
rumo nem
destino nem
bússola nem
âncora nem
nau que
o mar pode ser
raso
pode ser raso o
mar
raso pode ser o mar
Nenhum comentário:
Postar um comentário