Planeta errado


Se o distinto veio em busca de coerência, sorry, errou de mundo. Neste, é impossível, ponto e parágrafo. Cada um de nós constroi (no sentido inglês) seu mundo de acordo com suas necessidades biológicas, no bom sentido. O que permite à sonda Spirit pousar exatamente em Marte e não São João do Jeriti, Bahia, são estudos e cálculos científicos que incluem a matemática quântica, a física, a química e o escambau e são portanto lógicos ─ obtêm o fim almejado e não um resultado a esmo e portanto inútil. Mas uma lógica interna, como diria a circunspecta professora doutora, a mesma que em 1938 levou dois batutas alemães a fissionar o urânio, permitindo que sete anos depois os ianques convertessem em farinha dezenas de milhares de japas, que, bingo! depois dessa meteram definitivamente o rabo entre as pernas, passadas algumas veleidades imperialistas na ásia. Eles e todos nosotros, tchê. Agora está decidido quem são os chefões do pedaço. Essa é a única lógica que interessa. O resto é racionalização para descolar bolsa de estudo em Chicago.

Fico em dúvida se a vitória dos good guys contra os nazistas e depois soviéticos foi de fato preferível. E me dá uma tremenda vontade de saber que teria acontecido se Krutchev tivesse apostado até a última ficha no episódio de la Bahía de Cochinos. Apesar de todas as colossais besteiras que os ianques fizeram até hoje, ver um louco clínico e fundamentalista feroz como Bush, alucinado por grana, cujo sonho infantil ─ tá na cara ─ era dominar o Texas e depois o mundo e ficar dono de todos os poços de petróleo, que invadiu e destroçou um país, Iraque, pelo capricho de salvar a face de papai que levara uma banana de Sadam, com poder total no mundo, ver um louco no comando sempre é assustador.

Talvez devêssemos ─ não nós, lalarilarirá, mas nós eles ─ ter impedido que a União Soviética se desmanchasse feito um castelo bolchevique.

Os ianques ficaram sem superego. Não só acham que podem tudo ─ simplesmente podem tudo. E fantasias sem o cabresto dum bom e firme superego que obrigue Georgie a manter pelo menos a ponta do dedinho do pé no chão são as mais perigosas. Podes crer.

Essa tal de globalização ─ pleonoasmo indigesto e matreiro para dominação que parece implicar que agora finalmente todos podemos barganhar irmamente e em pé de igualdade ─ não está dando certo e só vai piorar. 

P.S. Como deve parecer claro, este texto foi escrito, bidu, nos idos do governo de Bush Jr. Então os EUA pareciam defacto insuperáveis e a China ainda era um reino longínquo perdido na Idade Média. Fantástico como as coisas mudam, não é? Mesmo sabendo que todos os impérios soçobraram, desde o Romano até o 3º Reich, sempre soa temerário se aventurar em especulações sobre o declínio dos poderosos. E uma das pouquíssimas coisas que ainda me dão prazer neste mundinho vagabundo é exatamente saber que o poder nunca é eterno, deo gratia.

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