A estrada está deserta


Senti uma ventania estranha hoje de novo.

Você já andou de trem?
Já ouviu a buzina dum navio partindo?
Já ensurdeceu sob as turbinas dum jato?

O desconhecido duma pergunta, que risco poderá trazer?
Somos meros desconhecidos.
Sempre meros desconhecidos.

Vou nessa, meu recado tá dado.
Continuo me desconhecendo.
Cá pra nós.
Posso alegar que foi uma bobagenzinha.

Não. Eu sei.
Por que não nos imaginar num baile de máscaras, alheios à mútua
identidade, indiferentes à mútua verdade um do outro?
Meu direito de defesa está suspenso até segundo insight.
Acredita que dois dias haverão de remediar a encrenca?
Não. O tempo parou no teu agora.
Vou aguardar.
Te conheço. Não, não me conheço.
Acredito.

Você tem seu mundo. Eu, em seu mundo, não tenho o meu.
Veja, sempre sairei perdendo.
Não basta como consolo?

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