Um dia elas existiram, eu sei

Toc.

Toc-toc.

Hm?

Prriiiiim.

(Ronronear do motor dum disco voador.)

((Me diga, você dobra a esquina e, pumba! lá está, o disco, o disco cuja ideia você sempre desprezou, de que debochou desde seus dois anos de idade. Lá está ele, porta basculante aberta, bocarra abissal anunciando total disposição para te engolir, a repentinidade, a sedução firmando no branco da tua mente que não têm a mais remota importância as implicações de tal viagem.))

(((Fôdasse o mundo e com o mundo os pudores que você cultivou até este dia qual ervas daninhas redentoras da tua esquisitisse no mundo. Touché! Este ser diante do disco voador sou eu e, creia, não vou bater em retirada! Não outra vez! Não desta vez!)))

Cuidado.

Este fôdasse pode ser o fôdasse dum menino que finalmente renuncia ao amor dos pais e se entrega à pinga e à maconha e à cocaína e ao crack.

Oh no!

Perigo nenhum.

Estou seguindo de perto um mapa que tracei para mim quando tinha 17 anos e por isso mesmo tenho certeza de que não pode haver erros ou surpresas.

(Sabia que depois de todos esses anos o círculo se fecharia.)

E eis que se fecha.

Eis que se fecha.

Só me restava dispará-lo.

Só me resta observar enquanto ele se fecha.

(Silenciosamente como sempre esperei e as orações e novenas das mulheres no quarto dos fundos de casa suplicaram a quem quer que fosse que assim fosse.)

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